segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Carol

Imagem disponível em: http://vinteumtrintaedois.blogspot.com.br/2011/08/flor-cabelos-cacheados.html
O nome dela é Carol. Não é Carolina, nem Carolaine, e nenhuma variação. Ela pouco se lixa para a certidão de nascimento. Só atende por Carol. Ela gosta de ter um nome que rime com o Sol, pois acredita em seu brilho. Gosta de ter um nome que rime com caracol, pois seus cabelos cacheados são a parte favorita de seu corpo. Só não gosta de rimar seu nome com futebol ou anzol. São duas coisas que prendem. E ela gosta de liberdade. Não que seja livre, mas sente-se livre quando pode escolher como ser chamada.

Carol é espevitada, e sempre foi. Quando criança, brincava na lama, na terra vermelha, no córrego próximo de casa, nas árvores que ainda existiam em sua rua, brincava de tudo que sua mãe detestava. Sempre foi rebelde, como diziam os adultos.

Na adolescência, fez uma tatuagem. Todas as meninas da escola tatuaram o símbolo do infinito. Era a moda. Carol não. Marcou em sua pele um ponto final, no dia seguinte à morte de sua mãe. Aprendera que tudo que é verdadeiramente bom um dia acaba. Nesse dia, ela foi Carolaine, como sua certidão mandava.

Hoje, Carol já tem seus vinte e tantos anos. E, novamente, pouco se importa com a certidão de nascimento. Ainda atende somente por Carol. Todos acham que é rebeldia. Mas não, Carol superou seu nome de batismo, superou a perda da mãe, superou a boa infância. Hoje, Carol significa um passo rumo ao ponto final, lembrança latente em seu pulso. Significa reduzir, igualar-se a outras Caróis do mundo.

Significa rimar-se com o Sol, rimar-se com caracol e até com anzol ou futebol. Carol entende que a vida é aquilo que a impede de ser livre para dar um novo abraço em sua mãe.

Guilherme Ferreira Aniceto

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