domingo, 24 de março de 2013

Legítima defesa

Foi ontem que alguém morreu por minhas mãos. É triste pensar nisso, mas foi legítima defesa. Eu juro! Ele me machucou primeiro, meu braço ainda dói desde sua investida contra mim, há exatas vinte e quatro horas. 

Estava eu, tranquilo, aproveitando meu sábado, e ele voou sobre mim, machucou-me o braço, e lá se foi a tranquilidade da minha tarde. Aquele inseto, totalmente despreocupado com a própria vida, ou com minha integridade física, deixou-me irado com sua tremenda violência e com a dor decorrente dela. 

Eu, em meu impulso de defesa, desacordei-o com um golpe de braço. Uma tapa foi suficiente para lançá-lo longe e destituí-lo de si. Então, foi com meus pés o golpe de misericórdia. Pisei-o fortemente, e dei cabo se sua vida. 

Aquele marimbondo – pobre! – deixou-me culpado por tê-lo matado. Talvez devesse tê-lo deixado viver, colocando-o longe de mim, pagar o mal com o bem. Talvez morrer fosse o correto a ele, para que outras pessoas, como eu, não sofressem de sua ferroada. Mas foi legítima defesa, eu juro! 

Só quem foi ferroado por marimbondo sabe como dói. E eu não tenho sangue de barata.

Guilherme Ferreira Aniceto