Éramos eu e um ponto de ônibus, somente.
Há pouco mais de um ano, tudo que eu tinha era um lugar cativo num ponto de ônibus. E era meu, porque toda noite eu estava ali, esperando. Perfeitamente normal.
O que muitos não sabem é que eu não esperava só. Ele esperava comigo, a alguns metros de distância, e esperava por mim. Toda noite ele ali se sentava, a me observar. Ele, que sempre falava com todos e sempre foi um bom comunicador, não conseguia dirigir-me uma palavra. Era amor à primeira vista (sim!).
Eu nunca havia pensado em abrir-me ao amor. Na verdade, me considerava muito ocupado para isso. Nunca reparei em seus olhares. Tampouco, cogitei um dia conhecê-lo.
Mas a vida, essa desregrada, encarregou-se de nos apresentar.
Ele já estava longe, a cerca de 300 km de distância de mim, a trabalho. As redes sociais nos apresentaram. Reconhecemo-nos num clique. E num clique também despertamos ao amor.
Eu, que já havia me machucado um zilhão de vezes, zerei o contador do amor. Recomecei.
Aos poucos, nos conhecemos. E em alguns meses, já estávamos juntos na mesma casa.
Hoje, somos felizes, nos casamos, temos nossos gatos e nosso peixe-beta. É nossa família.
E tenho um orgulho imenso de dizer que foi um ponto de ônibus que nos uniu, bastando para nos reunir um clique.
Guilherme Ferreira Aniceto