quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Um clique

Éramos eu e um ponto de ônibus, somente.

Há pouco mais de um ano, tudo que eu tinha era um lugar cativo num ponto de ônibus. E era meu, porque toda noite eu estava ali, esperando. Perfeitamente normal.

O que muitos não sabem é que eu não esperava só. Ele esperava comigo, a alguns metros de distância, e esperava por mim. Toda noite ele ali se sentava, a me observar. Ele, que sempre falava com todos e sempre foi um bom comunicador, não conseguia dirigir-me uma palavra. Era amor à primeira vista (sim!).

Eu nunca havia pensado em abrir-me ao amor. Na verdade, me considerava muito ocupado para isso. Nunca reparei em seus olhares. Tampouco, cogitei um dia conhecê-lo.

Mas a vida, essa desregrada, encarregou-se de nos apresentar.

Ele já estava longe, a cerca de 300 km de distância de mim, a trabalho. As redes sociais nos apresentaram. Reconhecemo-nos num clique. E num clique também despertamos ao amor.

Eu, que já havia me machucado um zilhão de vezes, zerei o contador do amor. Recomecei.

Aos poucos, nos conhecemos. E em alguns meses, já estávamos juntos na mesma casa.

Hoje, somos felizes, nos casamos, temos nossos gatos e nosso peixe-beta. É nossa família.

E tenho um orgulho imenso de dizer que foi um ponto de ônibus que nos uniu, bastando para nos reunir um clique.


Guilherme Ferreira Aniceto