quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Pais separados

Imagem disponível em: http://www.falamamae.com/filhos-de-pais-separados-e-o-tema-do-falamamae-na-tv-de-amanha/blog_pais-separados/

Era criança ainda. Tinha sonhos que a vida se encarregaria de destruir. Mas, enquanto criança, sonhava alto. Não sonhava com os astros do Universo: não queria ser astronauta, como a maioria dos meninos da mesma idade. Sonhava com seus astros mais notáveis: seu pai e sua mãe. Queria tê-los sempre juntos, queria sabê-los protegidos contra toda sorte de infortúnio. Queria.

Seu pai, no entanto, escolheu outro caminho. Foi a primeira vez em que o filho ouviu falar em divórcio. Não entendia que as pessoas pudessem se separar. Pensou que não teria mais pai. E de certa forma, não o teve. As cédulas, provenientes do processo de separação e da decisão do juiz quanto à pensão alimentícia, chegavam todos os meses. Porém, chegavam virtuais, via transferência bancária. O pai havia se perdido no mundo.

Sua mãe sustentou os ânimos. Foi uma fortaleza, ainda que pequena. O filho cresceu, tornou-se mais alto que ela. Porém, a alma dessa mulher sempre foi a maior do mundo, aos olhos do menino que a venerava. A mãe, essa sim, foi os pais que ele queria juntos. Seu sonho não foi totalmente destruído, foi aprimorado. Teve pai e teve mãe. E o melhor, teve os dois em um só!

A mãe encontrou o amor, após vinte anos de submissão ao pai. O amor foi aquele senhor que, mesmo em idade madura, frutificou no galho. Foi aquela flor que, mesmo pisoteada por animais famintos, floresceu na primavera. O amor foi a reconstrução das esperanças daquele menino que sonhava alto. O amor, aliás, foi ainda mais alto.

Guilherme Ferreira Aniceto