terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Fluida

Tenho um defeito muito feio, o de dizer o que eu penso, sem pensar sequer numa palavra. As pessoas que mais amo se machucam frequentemente com meu desajeito com as palavras. É por isso que eu não sou do tipo que fala muito, sou do tipo que escreve demais. Por isso que as palavras residem no que eu sinto, e meus sentimentos se traduzem com papel e caneta, apenas.

Quando minhas mãos falam por mim, elas pensam melhor, elas sabem o que querem dizer, elas dizem o que devem dizer, e elas sentem mais intensamente que meu cérebro o que meu coração quer expressar. Minhas mãos são uma extensão de meu coração, por assim dizer.

Quando me perco no papel é quando me encontro realmente em quem sou e em quem desejo ser. Parece-me intensamente propício o campo que cabe em uma página em branco, para a autodescoberta e autoafirmação. Exijo que as palavras expressem exatamente o que se passa em meu peito. E elas obedecem a meus comandos, feito abelhas governadas pela rainha. São indiscutivelmente ótimas psicólogas e entendem perfeitamente aquilo que se passa aqui dentro.

Por isso, permito-me sempre alguns minutos todos os dias para escrever qualquer coisa que seja, nem que eu rabisque depois, apague ou rasgue a folha. É uma espécie de ritual diário de prática. É lindo perceber que as mesmas palavras podem conduzir a ideias totalmente diferentes, apenas dependendo da imaginação fluida.

Guilherme Ferreira Aniceto

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